BISPO DE ANTIOQUIA
“Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. Apocalipse 2:10
Inácio de Antioquia (35 – 110 d.C.), foi Bispo de Antioquia da Síria, discípulo do apóstolo João, e contemporâneo do apóstolo Paulo. Dizem que Inácio foi ordenado bispo de Antioquia pelo próprio apóstolo João, e foi martirizado durante essa época.
O imperador Trajano promulgara um edito afirmando que todos os cidadãos do Império Romano seriam obrigados a fazer sacrifícios aos deuses de Roma ou enfrentariam sérias consequências.
De forma geral, Trajano obtivera bastante sucesso, exceto com a seita dos cristãos, cujos seguidores sempre se recusavam a obedecer–lhe. Quando chegou a Antioquia, decidiu julgar Inácio publicamente como forma de inibir outros cristãos que também se negavam a sacrificar aos deuses romanos. Inácio era o líder da igreja de Antioquia e um cristão de renome, principalmente depois da morte de João, ocorrida poucos anos antes. Trajano olhou para Inácio com desprezo e disse:
– Quem é você, verme miserável, que desafia e ignora minhas ordens e ainda convence outros a fazer o mesmo, apesar de saber que trará sobre si uma dolorosa morte?
Com tranquilidade, porém firme, Inácio se defendeu diante do imperador e de toda a multidão, dizendo que continuaria a desobedecer à ordem real, e incentivaria outros a fazerem o mesmo, porque “Jesus Cristo é o único Deus verdadeiro”.
Trajano questionou Inácio sobre Jesus, perguntando–lhe se aquele de quem falava era o indivíduo que fora crucificado por Pôncio Pilatos. Inácio respondeu:
– Sim, e ele mora em meu coração. Surpreso, o imperador perguntou.
– Então você diz que carrega um homem crucificado dentro de você?
– Certamente – Inácio respondeu – Pois está escrito: “Eu habitarei neles e neles andarei”.
Ao ouvir isso, Trajano resolveu pronunciar a sentença:
– “Vejo que este homem está incuravelmente envolvido pela superstição dos cristãos. Portanto, ordeno que Inácio, que afirma carregar em si aquele que foi crucificado, seja levado por soldados a Roma, onde será devorado por animais selvagens para entreter o povo”.
Para a surpresa de Trajano, a condenação a uma dolorosa morte não abateu Inácio, que olhou para o céu e disse
–. “Agradeço–Te, Senhor, por ter–me dado a honra de mostrar a Ti todo o meu amor, e por permitires que ficasse acorrentado assim como foi com o apóstolo Paulo”.
Nos meses que se seguiram, Inácio foi escoltado até Roma. Já idoso, ele tinha sido bispo de Antioquia por quase quarenta anos. Mas eles o levaram grosseiramente por uma longa viagem, por mar e terra. E por que razão Inácio teria sido levado pelo longo caminho de Antioquia até Roma para sofrer o martírio? Pode ter sido com a intenção de infundir medo aos outros cristãos, pelo espetáculo de alguém tão eminente e conhecido ser levado em correntes a uma morte terrível e degradante.
Em Roma foi novamente julgado e submetido a terrível torturas para que blasfemasse contra o nome de Jesus e sacrificasse aos deuses de Roma. Entretanto, Inácio, ao contrário de ter sua fé abalada, se fortalecia ainda mais no Senhor. Por fim, foi levado diante do Senado, que o condenou a ser jogado aos leões.
Quando o guarda dos leões veio soltá-los da jaula o povo quase enlouqueceu, e batia as palmas e gritava com uma alegria brutal, mas o velho mártir conservou-se firme, e declarou:
– Sou como o trigo debulhado de Cristo, que precisa de ser moído pelos dentes das feras antes de se tornar em pão”.

Ao ser lançado na arena antes do ataque das feras, Inácio olhou para a multidão e proclamou seu amor a Jesus dizendo aos presentes que seu único crime era amar a Deus e não se curvar diante dos ídolos de Roma.
Assim que acabou de falar, dois leões foram soltos e atacaram o bispo de Antioquia. Tão brutal foi o ataque dos animais que, em poucos minutos, havia poucos vestígios de seu corpo. Ele foi despedaçado, mas a luz do seu exemplo brilha através dos séculos.
Pesquisa: Pr. Sérgio de Oliveira Campos
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